O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), reduziu a taxa básica de juros (Selic) de 2,25% para 2% ao ano, na reunião desta última quarta-feira (dia 5). Com a expectativa de inflação acumulada para o ano de 1,63%, segundo a última estimativa do Boletim Focus, do BC, as aplicações na caderneta de poupança estão rendendo menos do que a inflação, assim como outras aplicações conservadoras após os descontos de Imposto de Renda e taxas. No novo cenário, a reserva de emergência passa a não ter mais rentabilidade. Por isso, especialistas ouvidos pelo EXTRA apresentam outras opções de investimento.
A corretora Ativa Investimentos fez simulações de quanto renderiam investimentos conservadores em um ano, neste cenário de juros de 2% ao ano e inflação de 1,63%. A poupança — com a atual regra de rendimento de 70% da taxa Selic mais Taxa Referencial (TR) — não rende acima da inflação projetada. Fica apenas atrás de fundos DI com taxa de administração de 0,5% ao ano como pior aplicação. Confira abaixo.
— Os fundos DI são uma boa opção para manter um dinheiro por um curto prazo, mas, mesmo tendo reduzido taxas, ainda há muitos com essas taxas que hoje tiram toda a rentabilidade. É preciso ficar atento, porque, às vezes, a pessoa acha que está fazendo bem tirando o dinheiro da poupança, mas pode ir para uma aplicação pior — afirma Fernando Domingues, assessor financeiro da Ativa Investimentos.
Quem tem recursos na antiga poupança é que não deveria mudar mesmo — a rentabilidade hoje é três vezes a da atual taxa de juros. Aplicações feitas até maio de 2012 nas cadernetas têm rentabilidade fixa de 0,5% ao mês, ou seja, taxa nominal de 6% ao ano.
— É a melhor aplicação que se pode ter, com juros bem altos e com liquidez para o momento. Assim como o FGTS, que rende 3% ao ano sem risco. Para quem puder manter (a aplicação), é interessante — diz Betty Grobman, especialista em finanças, sócia da BSG DuoPrata.
Veja as simulações:
|
Rendimento anual
|
Aplicação |
Bruto |
Sem taxase impostos |
Rendimentoreal |
Poupança nova* |
1,40% |
1,40% |
-0,23% |
Poupança antiga* |
6,00% |
6,00% |
4,37% |
Fundo DI com taxa zero |
2,00% |
1,60% |
-0,03% |
Fundo DI com taxa 0,5% |
1,50% |
1,20% |
-0,43% |
Tesouro Selic** |
2,00% |
1,60% |
-0,03% |
Tesouro Prefixado 2023 – 3,8% |
3,80% |
3,04% |
1,41% |
Tesouro IPCA(2026 – IPCA + 2,05%) |
3,68% |
2,94% |
1,31% |
LCA/LCI 100% CDI |
2,00% |
2,00% |
0,37% |
CDB 100% CDI |
2,00% |
1,60% |
-0,03% |
FGTS |
3,00% |
3,00% |
1,37% |
Fonte: Ativa Investimentos
*Para os valores depositados até 03/05/2012, é assegurado o rendimento fixo de 6% ao ano + TR. Posterior à data, o rendimento é de 0,5% ao mês, sempre que a meta da taxa Selic for maior do que 8,5% ao ano. Caso seja menor, a rentabilidade é de 70% da Selic + TR.
**Isenção de custódia (0,25%) para valores até R$ 10 mil, considerando IR de 20% (prazo de um ano).
Onde investir para ter segurança
Mesmo com a Selic em baixa, investimentos atrelados à taxa básica de juros continuam sendo muito importantes, porque o investidor precisa ter o dinheiro para emergências.
— É fundamental ter uma reserva de emergência, com produtos sem risco de crédito e líquidos atrelados ao CDI mesmo. Assim, o investidor manterá a liquidez imediata para fazer frente aos seus custos, caso necessário — diz Sigrid Guimarães, sócia e CEO da Alocc Gestão Patrimonial.
A recomendação dos especialistas para esses recursos é o Tesouro Selic e os fundos DI sem taxa de administração. Entendo que a realidade agora é que esse dinheiro não terá rendimento, só irá acompanhar a inflação.
— Investimentos que rendam 100% da taxa básica de juros vão praticamente empatar com a inflação no retorno final, após impostos e taxas, mas se cumprirem o papel de poder ter resgate imediato, serão uma boa aplicação — diz Fernando Domingues, assessor financeiro da Ativa Investimentos.
Os planejadores financeiros avaliam que a reserva de emergência deve conter de três e 12 meses de gastos mensais, dependo do tipo de emprego, mais seguro ou não, e da propensão ao risco do investidor. Tendo esse montante, o investidor pode pensar em aplicações mais rentáveis e também sem risco.
Letras de crédito
Letras de crédito imobiliário e agrícola são interessantes por terem isenção de Imposto de Renda, e Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de bancos pequenos e médios podem dar rendimento acima de 6% ao ano, em dois ou três anos. Por terem a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em aplicações de até R$ 250 mil por CPF, são seguros.
Títulos públicos prefixados e atrelados ao IPCA também garantem bons retornos para quem pode deixar o valor aplicado.
— Os títulos públicos têm taxas bem interessante em prazos mais longos, de cerca de 6% ao ano. Mas é preciso ter em mente que há o risco de as taxas de juros subirem e ser necessário resgatar em um momento em que se perca dinheiro. O ideal é ficar até o fim e garantir a rentabilidade. Mesmo que os juros subam mais à frente, garantir agora rendimentos maiores pode ser interessante — afirma Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama.
Fonte: Extra