SINDIQUÍMICA
Criação de vagas formais bate recorde em outubro; Serviços impulsionam
País registra a abertura de quase 395 mil empregos com carteira assinada no mês. Resultado foi puxado pelo setor de serviços, que contabilizou 157,6 mil novos postos. Para o ministro Paulo Guedes, economia reagiu com “resiliência”
A retomada da geração de empregos formais atingiu o quarto mês consecutivo em outubro — e de forma recorde. Segundo o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) foram abertas 394.989 vagas com carteira assinada no mês, resultado de 1.548.628 admissões e 1.153.639 desligamentos. No acumulado do ano, porém, ainda há perda de 171.139 postos de trabalho formais.
O resultado de outubro foi o melhor para o mês da série histórica do Caged, iniciada em 1992, o que levou o ministro da Economia, Paulo Guedes, a comemorar. “O ano de 2020 será marcado pela pandemia, que atingiu tragicamente as famílias brasileiras, derrubou os empregos. Mas, reagimos com resiliência. Soubemos manter a economia girando para proteger as nossas empresas e podemos terminar o ano com saldo zero de perdas de empregos no mercado formal”, disse.
O presidente Jair Bolsonaro também exaltou a boa notícia. “Se nós acreditarmos em projeções, vamos terminar o ano, o mês de dezembro com mais gente empregada do que em dezembro do ano passado, atravessando uma pandemia”, afirmou, em solenidade no Palácio do Planalto. A previsão, contudo, não deve se confirmar, uma vez que dezembro, historicamente, registra queda na geração de empregos, pois as empresas costumam dispensar trabalhadores temporários contratados nos meses anteriores para atender ao movimento de fim de ano.
Os dados do Caged mostram que o país perdeu menos empregos em 2020 do que nas crises de 2015 e 2016. Dos cinco grandes grupos de atividade econômica, quatro tiveram saldo positivo em outubro. O principal foi o setor de serviços, que abriu 156.766 vagas no mês. No comércio, foram criados 115.647 postos; na indústria, 86.426; na construção, 36.296.
Paulo Guedes afirmou que o Benefício de Auxílio Emergencial (BEM) — que permitiu às empesas reduzir salários e suspender contratos de trabalho durante a pandemia — ajudou no processo de manutenção dos empregos. “Foram quase 20 milhões de contratos, protegendo mais de 10 milhões de empregos. Agora, ligamos a máquina de criar de novo”, afirmou. Na segunda-feira, o ministro tinha estimado terminar o ano com saldo negativo de 300 mil postos.
Segundo Lisandra Barbero, especialista da XP Investimentos, os dados de outubro ficaram acima das expectativas. “A gente já esperava um resultado forte, mas veio ainda melhor. Esse dado é uma combinação de duas coisas: a retomada do setor de serviços e o aumento das admissões temporárias para o fim do ano”, explicou.
Para Barbero, a recuperação vai continuar em ritmo acelerado por conta do benefício emergencial. “Para 2020, esperamos uma perda de 241 mil postos de trabalho. Antes dos dados de outubro, a previsão era de recuo de 429 mil. Nós revisamos para cima a estimativa de novembro, prevendo, agora, a criação de 200 mil vagas”, disse. Para dezembro, a XP calcula destruição de 276,5 mil empregos.
De acordo com Rodolfo Peres Torelly, ex-diretor do Departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, este ano é totalmente atípico. “Há uma demanda reprimida e serviços e comércio estão se recuperando. Mas, dezembro sempre tem queda, já houve ano com perda de meio milhão de empregos no último mês do ano”, alertou.
Torelly explicou ainda a diferença entre os dados positivos do Caged e os do IBGE, que mostram quem o desemprego não para de subir — em agosto, o índice chegou a 14,4%, com 13,8 milhões de pessoas sem trabalho. “O Caged mede só o emprego formal. O IBGE apura informal, doméstico, conta própria, e é uma amostra expandida. O Caged não pega todo o universo, daí a grande diferença”, observou. (Colaborou Ingrid Soares)
Fonte: Correio Braziliense