SINDIQUÍMICA

Bayer faz proposta de US$ 62 bilhões pela Monsanto

Operação poderá criar a líder mundial do setor de pesticidas e adubos.
Proposta representa aumento de 37% sobre cotação do título da Monsanto.

O grupo alemão Bayer revelou nesta segunda-feira (23) uma oferta de US$ 62 bilhões (55 bilhões de euros) para assumir o controle da produtora americana de grãos transgênicos Monsanto, uma operação que criaria a líder mundial do setor de pesticidas e adubos.

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“A Bayer fez uma oferta em dinheiro por todas as ações da Monsanto a US$ 122 por ação, por US$ 62 bilhões”, anunciou o grupo químico-farmacêutico germânico.

A Bayer, fabricante dos criticados pesticidas chamados de “assassinos de abelhas”, havia anunciado na quinta-feira, sem revelar detalhes, que estava em contato com a Monsanto, fabricante de glifosato, princípio ativo do herbicida Roundup usado em muitos de seus grãos transgênicos.

A proposta
A empresa alemã explicou que a proposta representa um aumento de 37% em comparação à cotação do título da Monsanto na véspera da oferta, em 9 de maio, apesar de o grupo com sede em Saint-Louis ter registrado desde então uma valorização importante graças aos boatos sobre os contatos de fusão/aquisição.

A operação permitirá “criar uma empresa líder no setor da agricultura, com capacidades excepcionais de inovação, em benefício dos agricultores, de nossos funcionários e das comunidades onde estamos presentes”, afirmou o presidente da Bayer, Werner Baumann, que assumiu o comando do grupo em 1º de maio.

A Bayer espera obter com a operação uma economia de 1,5 bilhão em três anos e registrar um aumento do lucro de 5% no primeiro ano e de pelo menos 10% nos seguintes.

O setor agroquímico da Bayer registrou queda nas vendas nos últimos meses.

A Monsanto também sofre uma queda nas vendas das sementes transgênicas.

Ao mesmo tempo, a empresa foi afetada na Europa pela polêmica sobre o glifosato, um produto criticado pelas organizações ecológicas.

O Greenpeace organizou no fim de semana protestos em vários países para exigir a proibição dos pesticidas e dos organismos geneticamente modificados (OGM).

Impactos
A fusão Bayer-Monsanto confirmaria a consolidação do movimento no setor, com a fusão em curso entre as americanas Dow Chemical e DuPont, assim como a do grupo suíço Syngenta com a chinesa ChemChina.

Analistas apontam que a Bayer, possivelmente, terá de acelerar sua saída da Covestro, produtora de plásticos controlada pela empresa, ou vender sua divisão de saúde animal para compor a estruturação financeira do acordo.

De acordo com a Bayer, a aquisição impulsionaria em cerca de 5% o lucro líquido da empresa no primeiro ano, chegando a dígitos duplos nos anos seguintes. A combinação também ofereceria uma sinergia de US$ 1,5 bilhão em três anos.

A empresa aponta ainda que os portfólios são geograficamente complementares, com presença forte da Monsanto no mercado de sementes na América do Norte, enquanto a Bayer tem mais atuação no mercado de agrotóxicos e insumos na Europa e Ásia.

A empresa alemã, entretanto, já antecipa que o negócio deverá passar pela análise por agências reguladoras, especialmente na Europa. A Standard & Poor’s avalia que “pode haver dificuldades junto a reguladores, já que o poder de barganha do fornecedor deverá crescer substancialmente após o acordo”.

Fonte: Globo.com