SINDIQUÍMICA

Cartão vermelho para Guedes?

O outrora ‘posto Ipiranga’ do governo Bolsonaro parece estar com os dias contados. No início do governo, o então superministro Paulo Guedes tinha a palavra inicial e a final em várias medidas, vide a Reforma da Previdência, mas agora está sendo desautorizado pelo chefe causando um mal-estar daqueles no Planalto. Interlocutores avaliam que o processo de fritura do ministro está em estágio adiantado.

Começou com o retorno da CPMF, que o ministro resolveu dar um novo nome, e tem insistido para que o presidente Jair Bolsonaro banque a ideia. Ao que o chefe já se mostrou inclinado, mas recuou. Ontem foi a vez de mexer no bolso de aposentados e pensionistas do INSS. A equipe econômica quer congelar o reajuste dessas 35 milhões de pessoas por dois anos. Enfurecido, Bolsonaro reagiu e usou as redes sociais para desautorizar a equipe econômica comandada por Guedes.

O presidente disse que foi “surpreendido por manchetes em todos os jornais” sobre o congelamento de aposentadorias e pensões. “Jamais tiraria dinheiro dos pobres para dar aos paupérrimos” reagiu. Segundo ele, quem sugerir congelamento de aposentadorias e pensões receberá “cartão vermelho”. E continuou: disse que até 2022 “está proibido falar em Renda Brasil” e que o Bolsa-Família será mantido. Guedes, que participava do painel Telebrasil, se defendeu dizendo que o cartão vermelho não seria para ele.

Mas, segundo o senador Major Olímpio (PSL-SP), o presidente está seguindo o mesmo roteiro de “satanização” de ex-aliados. “Bolsonaro quer ações populistas, e o ministro Paulo Guedes tentando dizer que o caminho não é por aí. Os dias do Guedes estão contados mesmo”, sentencia o senador.

Corte de benefício dos mais pobres.

Fontes avaliam que o que irritou, e muito, Bolsonaro foi o fato de a equipe econômica sugerir não só o congelamento em aposentadorias e pensões, mas também cortar R$ 10 bilhões do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago a idosos e deficientes de baixa renda, para bancar o Renda Brasil.

E como seria esse corte? Com a revisão de pelo menos 2 milhões de benefícios destinados a idosos e pessoas carentes com deficiência. Com as medidas, a serem tomadas por decreto, o governo busca uma economia que chegaria a R$ 10 bilhões por ano. A iniciativa está sendo preparada em conjunto pelos Ministérios da Cidadania e da Economia. O objetivo, segundo membros do governo, é endurecer a regulamentação ligada à avaliação dos critérios do BPC.

As discussões de mudanças no BPC ocorrem enquanto o governo pretende eliminar despesas para abrir espaço orçamentário no teto de gastos para encaixar a expansão do Bolsa Família, que o governo vinha chamando de Renda Brasil, mas que vai ficar com o mesmo nome. O programa de transferência de renda precisaria de pelo menos R$ 20 bilhões a mais do que recebe hoje (R$ 32,5 bilhões, em 2020).Vale lembrar que o BPC equivale a um salário mínimo (R$ 1.045), é pago a idosos acima de 65 anos e pessoas com deficiência que devem estar dentro de um limite de renda familiar per capita de até um quarto de salário minimo, que dá R$ 261,25.

Fonte: O Dia