SINDIQUÍMICA
Queixas sobre empréstimo consignado dobram na pandemia: veja 15 dicas para não se dar mal
Reclamações relacionadas ao crédito consignado, aquele descontado diretamente da folha de pagamento, mais que dobraram durante a pandemia do novo coronavírus. No Consumidor.Gov, a plataforma oficial do governo federal para a resolução de conflitos sobre consumo, o tema lidera o ranking de problemas, e, entre janeiro e julho deste ano, foram registradas 40.663 reclamações, contra os 17.891 registros feitos no ano passado. Entre as pessoas com mais de 60 anos, faixa composta principalmente por aposentados, a alta é ainda mais relevante: de 9.261 queixas computadas em 2019 para 23.850 em 2020, o que indica que os idosos são os mais afetados.
O volume de reclamações sobre esse tipo de empréstimo acompanha a alta na quantidade de operações durante a pandemia. Enquanto em julho do ano passado foram 919.764 novas contratações, em julho de 2020 esse número dobrou, chegando a 1.848.621. De janeiro a julho deste ano, foram realizadas 11.158.760 operações de crédito consignado, movimentando um montante de R$ 62,79 bilhões.
Para ajudar o beneficiário a não cair em golpes na tomada de crédito e mesmo evitar queixas futuras sobre o tema, o EXTRA listou, abaixo, algumas dicas de especialistas da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e do Banco Central do Brasil.
— Geralmente, o consignado é vendido como uma operação de crédito mais barato e fácil. Mas, na pandemia, a gente viu que ele também é o mais burocrático e menos flexível. O desconto é feito diretamente na folha. Então, antes de contratá-lo, as pessoas devem analisar como isso vai impactar as suas vidas, diante de todos os riscos de desemprego, diminuição de renda… E não só olhar para a taxa de juros. Só assim é possível fazer uma escolha responsável — orienta a educadora financeira Cintia Senna.
O governo federal decidiu criar uma força-tarefa para combater as fraudes e os abusos contra o consumidor nas operações de empréstimo consignado. A Senacon, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e o INSS iniciaram um trabalho para estudar, entre outras medidas, uma forma de ranqueamento dos infratores recorrentes, que poderão ser penalizados.
Algumas consequências previstas são a suspensão de operações para atuação no segmento de consignados em benefícios previdenciários administrados ou mesmo o descredenciamento das instituições financeiras que operam exclusivamente o crédito consignado.
Além disso, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério da Economia pretendem criar campanhas educativas e um guia de boas práticas sobre o tema.
Veja 15 dicas para não se dar mal na hora de solicitar crédito
– Procure saber se a empresa é uma financeira ou uma correspondente autorizada através do site do Banco Central do Brasil ou pelo telefone 145. Além disso, ainda que o profissional use o nome de uma instituição autorizada, cheque no site dela se o interlocutor é mesmo registrado. Cobre meios de identificação, endereço físico e mais dados.
– Verifique se a instituição financeira está autorizada a funcionar pelo Banco Central e se a instituição está conveniada com sua fonte pagadora. Por exemplo, no caso dos empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS, certifique-se de que a instituição está conveniada ao INSS.
– O endereço consumidor.gov.br também pode ser consultado para auxiliar na avaliação da reputação da empresa.
– Desconfie sempre de ofertas muito vantajosas, que oferecem taxas bem menores do que as dos concorrentes ou que não pedem garantias e documentação ao tomador do financiamento.
– Nunca aceite a intermediação de pessoas com promessas de acelerar o crédito.
– Não faça pagamentos antecipados para a liberação de crédito em seu favor.
– Não peça empréstimos para ajudar terceiros, mesmo que sejam familiares.
– Pesquise e compare as taxas de juros e as condições oferecidas pelas instituições. Em especial, repare no Custo Efetivo Total – CET, que resume, em um único indicador, o preço da operação.
– Faça um diagnóstico da sua situação financeira, com a ajuda de uma planilha, para identificar os rumos de cada centavo do seu dinheiro durante o mês, entre alimentação, aluguel, pagamentos de dívidas, lazer e outras categorias de gastos. Assim, é possível inclusive considerar se outras despesas não podem ser reduzidas para evitar tomar o crédito ou montar um plano de pagamento dele.
– Ao pegar o crédito, elabore estratégias para reduzir o custo de vida em até 30%, pois o consórcio comprometerá sua renda mensal, seja salário ou benefício de aposentadoria.
– Não permita que seus problemas financeiros reflitam em seu desempenho profissional, pois será muito mais complicado pagar as contas sem salário algum.
– A linha de crédito consignado pode ser bem utilizada, mas não deve fazer parte da rotina de um assalariado ou um aposentado. Identifique o motivo que o levou a precisar do consignado e trabalhe para evitá-lo. Sua utilização deve ser pontual e ter um objetivo relevante.
– Já pediu um empréstimo? Caso encontre taxas de juros mais baixas, a portabilidade é possível e necessária. Para os trabalhadores ativos, o caminho é falar com a área de Recursos Humanos. Os aposentados podem começar conversando com a instituição financeira para a qual deseja migrar a dívida.
– Se perceber que terá problemas em pagar parcelas, entre em contato com o banco imediatamente e procure uma renegociação. Acumular mais dívidas acarretará em grande prejuízo.
– A opção do crédito consignado é muito usada para quitar cheque especial, cartão de crédito e financeiras por ter juros menores. Porém, a troca simplesmente de um credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas alimentará o ciclo do endividamento.
Fontes: Banco Central e Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN).
Fonte: Extra