SINDIQUÍMICA

Na Bayer, inovação passa pela diversidade e inclusão

De grupos internos de afinidades a processos seletivos mais inclusivos, farmacêutica quer diversificar ideias e pontos de vista para inovar

Liderando a Bayer no Brasil há dois anos, o espanhol Marc Reichardt diz se surpreender em ver que no Brasil, um país com tanta diversidade, tenha dificuldade em ter empresas com equipes diversas. “Eu realmente não entendia. Quando olhamos a situação dos negros no Brasil, é uma diferença gritante. Em um país onde todo mundo fala da diversidade, que acolhe muito bem as pessoas e que tem essa diversidade na sociedade, precisamos avançar muito mais nas empresas”, diz o executivo.

De acordo com o CEO, a farmacêutica quer ser uma empresa muito mais diversa e inclusiva, representando, de fato, a diversidade da sociedade. O plano é uma jornada. “Em relação a gênero, há quatro anos tínhamos apenas uma mulher na alta liderança e hoje temos 50%. Eu fico orgulhoso”, diz. Ele ressalta, entretanto, que a empresa ainda precisa avançar mais, principalmente na diversidade racial.

Assim, o programa de trainees voltado para profissionais negros é uma das iniciativas da companhia para se chegar ao objetivo. “É um grupo de 19 pessoas. Estou muito confiante de que mais de uma delas vai acabar sendo um dos líderes aqui na Bayer”. Sobre a polêmica nas redes sociais gerada pela notícia de um programa direcionado a pessoas negras, Marc acredita que as polêmicas podem ser necessárias para impulsionar ou mudar algo. E conta que foi interessante o impacto dentro da empresa, que criou um diálogo. “Queremos discutir, precisamos discutir isso, precisamos mudar essa situação. A repercussão dentro da empresa foi muito boa. Vamos dar esse passo e estar abertos e mostrar por que estamos fazendo, por que é importante fazer e se alguém tem dúvidas sobre o tema, é bom que se expresse essa dúvida. Acho que foi fantástico. Isso deu muita energia positiva internamente”.

A Bayer também possui um programa de diversidade e inclusão por meio de grupos de afinidade. Assim, há o Blend (LGBTQIA+), o All In (sobre gênero), o BayAfro e o Enable (PCD´s). Os funcionários participam voluntariamente com o propósito de debater o tema internamente. “A ideia é trazer as situações que talvez não estejamos vendo. Funciona muito bem e são fóruns de discussão dentro da empresa. Ter grupos de afinidade ajuda a criar a integração e a inclusão de diferentes maneiras de pensar. E é importante que a pessoa participe de diferentes grupos para trocar essas experiencias e situações”. O executivo diz que uma empresa tem ser como uma pessoa: ter uma ambição de desenvolvimento, de conhecimento e de valores.

Marc acredita que um próximo passo é quebrar um pouco a fronteira da hierarquia, que para ele, é uma estrutura que funcionou muito bem no passado, mas não combina mais como o momento atual. “No momento que estamos vivendo, com toda essa história de mudanças, de tecnologia, de mais inclusão, de compartilhar ideias, de cocriar, você precisa de uma mentalidade que seja muito mais inclusiva, integrada, que quebre hierarquias”.

As metas de diversidade e inclusão acabam impactando os planos de inovação da companhia, já que, como diz Marc, “muitos estudos demonstram que quando você consegue ter grupos mais diversos, a capacidade de inovação da empresa aumenta muito”. “Temos várias iniciativas que estão convertendo a empresa em uma empresa muito mais inovadora e muito mais ágil. Não se trata só de mulheres, ou negros. Se trata de saber que estamos incluindo maneiras de pensar. Se trata da diversidade e da inclusão de outros ponto de vista, de outras realidades. O que isso faz é criar muito mais inovação, criar ideias melhores. Precisamos de mais mulheres, mais negros, mais pessoas diversas sexualmente. Essa é a realidade do mundo.”

Fonte: Época Negócios